O Seminário presencial de José Martinho recomeçará todas as quartas-feiras, a partir de 6 de abril 2022, 10h-12h.
O Seminário presencial de José Martinho recomeçará todas as quartas-feiras, a partir de 6 de abril 2022, 10h-12h.
Reservem desde já o vosso sábado dia 11 de janeiro 2020 para o que se segue:
Dentro do esforço que fazemos para a formação do psicanalista de orientação lacaniana, e de acordo com o que é igualmente desejado pela NLS/AMP, convidámos dois Analistas da ECF (AE) para vir falar a Lisboa no sábado 11 de janeiro 2020.
O evento realizar-se-á na Livraria Ler Devagar, LX Factory, em Lisboa, e contará com duas conferências, o lançamento de um livro e a promoção dos 3 primeiros números da nossa revista DESASSOSSEGOS.
PROGRAMA
11h-13h: Conferência de Carolina Koretsky : “Sonho e Despertar”;
13h-15h: Almoço na LX Factory, possivelmente na Taberna 1300 (ainda a confirmar);
15h-17h: Conferência de Fabian Fajnwaks : “O sonho no fim da análise”;
17h-18h: Lançamento do livro de Carolina Koretsky : “Sueños y Despertares”
O belo cartaz do evento, da autoria de Anne Pedro, tem como fundo uma obra da reputada e várias vezes premiada fotógrafa e ilustradora Elen Usdin.
Poderão reproduzir em papel e online o cartaz que aqui anexamos para publicitar o evento junto dos vossos amigos, conhecidos, assim como de todos os que poderão se interessar pelo mesmo. Podem também usar os botões de partilha nas redes sociais, no fundo desta página.
Breve curriculum dos nossos convidados:
Carolina Koretzky: De origem argentina e vivendo em França. Psicóloga clínica e psicanalista, membro da Escola da Causa Freudiana e da Associação Mundial de Psicanálise; Doutorada de Psicanálise, Professora no Departamento de Psicanálise da Universidade de Paris VIII. Autora do livro "Sueños y Despertares" (versão francesa: “Le réveil, une élucidation psychanalytique”)
Fabian Fajnwaks: De origem argentina e vivendo em França. Psicanalista, membro da Escola da Causa Freudiana e da Associação Mundial de Psicanálise; Doutorado em Psicologia Clínica e Psicopatologia, Professor no Departamento de Psicanálise da Universidade de Paris VIII. Redator-chefe da revista "La Cause du Désir".
Todos os que contam participar no evento comuniquem desde já à ACF para podermos prever melhor o número de lugares sentados.
Vai ser já no dia 30 de outubro que vamos disponibilizar, para compra online, o novo número da Revista Desassossegos.
Quem quiser adquirir os números anteriores, pode fazê-lo aqui.
SEMINÁRIOS ABERTOS
2019-2020
ANTENA DO CAMPO FREUDIANO
Todas as quintas-feiras a partir de 3 de outubro 2019
Av. da Liberdade 157, em Lisboa
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10h-12h
Análise que sossega e análise que desassossega
José Martinho
Num dos seus últimos textos, Análise terminável e interminável, Freud disse aos psicanalistas então praticantes que não conhecia nenhuma cura psicanalítica que tivesse realmente chegado ao fim, por conseguinte que cada um devia regressar de vez em quando ao divã, por exemplo de cinco em cinco anos.
Este texto testamentário pode ser lido como a herança que o Pai da Psicanálise deixou aos seus filhos de ofício, mas também como um presente desassossegante, que confrontou os supostos psicanalistas com o impossível da sua profissão e os retirou do silencioso sossego das suas rotinas.
Será deste problema que me ocuparei este ano, realçando sempre o contraste entre uma prática psicanalítica que sossega fazendo acreditar que traz a paz, e uma outra que subverte e desassossega.
Como se pode facilmente entender, até pelo título da nova revista da ACF, Desassossegos, voltarei igualmente a falar este ano daquilo que Fernando Pessoa e em particular o seu semi-heterónimo Bernardo Soares podem trazer à psicanálise.
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12h-14h
Interpretação e ressonância
Filipe Pereirinha
A interpretação é tradicionalmente, desde Freud, um dos instrumentos da análise. Seja confrontado com um lapso, um ato falhado ou um sonho, por exemplo, um analista interpreta, quando é o caso. Mas interpretar não é fornecer uma explicação ou traduzir, por exemplo, o que diz um analisando numa certa língua, a sua, numa outra que seria, digamos, a chave compreensiva da primeira: uma metalinguagem, como diz Lacan, insistindo que não há tal coisa. Mas se interpretar, analiticamente falando, não equivale a traduzir ou fornecer uma explicação, o que é isso, afinal? Será que um poeta não teria algo a ensinar, nesta matéria, ao psicanalista? Lacan, que ao longo do seu ensino invocou constantemente os poetas e a poesia, não hesitou em dizer, num dos últimos seminários, que "só a poesia permite a interpretação" (Il n'y a que la poésie qui permette l'interprétation). Como fazer, pois, ressoar esta frase, não inteiramente óbvia, de Lacan, sem cair em qualquer espécie de lirismo, o que seria não apenas desaconselhável, como, a bem dizer, falharia completamente o alvo? É o que pretendemos responder este ano, levando a sério, e desde logo em série, as múltiplas referências de Lacan aos poetas e à poesia, em particular alguns, ao longo de todo o seu ensino. Veremos, em particular, como tais referências, parecendo embora afastar-se dela, pretendem na verdade aproximar-se e circunscrever cada vez melhor o próprio cerne da experiência analítica - o seu real - no que ela tem de mais singular e irredutível a outras áreas e domínios que lhe parecem afins. E talvez desse modo a sua razão de ser - a razão que dá conta do que ela é quando acontece - tenha algo que ver não apenas com uma certa forma de ressonância (réson), mas igualmente com uma (po) ética, para servir-me aqui de dois termos de Francis Ponge, um dos "grandes poetas" que Lacan não cessa de revisitar. Ou seja: um esforço (de poesia) que visa tocar, obter ou extrair um real, para além do bla-bla-bla da língua comum.
Bibliografia sumária
1. Jacques Lacan:
- Seminário VI: O desejo e a sua interpretação
- Seminário XXIV: L'insu que sait de l'une bévue s'aile à mourre
- Je parle aux murs
- Compte rendu avec interpollations du Séminaire de L'Éthique.
- Prefácio à edição inglesa do Seminário XI
2. Jacques-Alain Miller:
Un éffort de poésie
3. Francis Ponge:
- Le partis pris des choses
- La rage de l'expression
- Le savon
- Pour un Malherbe
- Entretiens avec Phillipe Sollers
4. Pessoa:
Livro do Desassossego
5. René Char:
Fureur et mystère
6. Henri Michaux:
Antologia
7. Pierre Malengreau:
L'interprétation à l'oeuvre - lire Lacan avec Ponge.
Lançamento do Nº2 da Revista Desassossegos - Imagens de Sonho e Real da Imagem.
É na quinta-feira, dia 18 de Julho, pelas 18h30, na Livraria da Travessa que fica aqui (Rua da Escola Politécnica, 46, Lisboa).